Nesta edição do boletim temos uma entrevista com Christina. Uma brasileira de São Paulo que se apaixonou pela Índia. Ela adora viajar explorando o país. Conhece muito dos costumes dos indianos. E dá dicas preciosas sobre os melhores roteiros para quem pretende viajar pela Índia.

Como você soube do Osho e como veio parar na Índia?

          Minha ligação com a Índia e com o Osho não é nada lógica, aconteceu.
          Quando era pequena e comecei a desenhar casinhas, também desenhava palácios com as cúpulas como a do Taj Mahal. Sempre pensei que fossem construções árabes. Quando vim para a Índia soube dos Mongóis, que vieram da Pérsia e fizeram grandes construções. Eles eram mulçumanos. 
          Sempre sentia uma grande saudade da Índia sem nunca ter vindo ali.
          Sou psicóloga e fiz muitos cursos e worshops. A maioria deles tinham algo do Osho, as terapias ou meditações. Descobri isso só 2 anos depois de ter participado dos grupos. Tudo que me caia na mão sobre Osho eu adorava. Suas idéias eram ótimas.
          Quando tive a chance de vir para a Índia, há 3 anos atrás, senti um curto circuito quando cheguei no Ashram. E senti-me acolhida pela mãe Índia desde o primeiro dia. Meu coração é meio brasileiro e meio Indiano.

 
Tendo em vista os visitantes do resorte de Osho em Puna, qual o melhor roteiro de lugares para se conhecer na Índia?

          Para conhecer toda a Índia você leva vários anos. Tudo é pitoresco e maravilhoso. Uma viagem no tempo e na historia.
          Tendo em vista os visitantes do resorte de Osho, podemos começar bem perto de Puna, AURANGABAD. Fica a 4 horas de ônibus de Puna. Lá você visita as cavernas e templos de Ajanta e Ellora. São templos e monastérios escavados na rocha. Algo monumental. 
          Já estive ali duas vezes e quero voltar. Em novembro tem o festival de dança de Ellora que é imperdível.  Você pode ficar em uma pousada de U$ 7 ou um hotel U$ 30.
          Quem vem para a Índia também quer ver o Taj Mahal. Realmente é um lugar lindo e vale a pena. Fica em AGRA. A quatro horas da capital Nova Delhi ou quatro horas de Jaipur. Em Agra você visita o Taj de

manhã cedo e depois vai até o Forte. Um exemplo fantástico de arquitetura. Com calefação, ventilação, sistema hidráulico, tudo sem eletricidade. Um dia em Agra é suficiente. Cuidado com a comida e com a água. Coma em restaurantes bons e não compre água de beber na rua. Tem muita contaminação devido à falta de higiene.
          JAIPUR, capital do Rajastão, a cidade cor de rosa. Lá você precisa de uns três dias ou mais. Tem o Ambar forte, que vc sobe de elefante, o palácio da cidade, palácio dos ventos, museu e o observatório astronômico. E não se esqueça do Bapu Bazar. Muitas compras, roupas coloridas, bijuterias em laka, é de enlouquecer....
          Aproveite e dê um pulo em PUSHKAR, uma hora de trem até Ajmer e mais 10 minutos de táxi. É uma cidade toda branquinha em volta de um lago. É a cidade onde tem o único templo de Brahma da Índia. As pousadas são bem baratas, a partir de 3 dólares, comida boa e muitas compras. Só não caia na conversa dos Brâmanes para fazer um Puja pra você. Negocie o preço antes....
          NOVA DELHI, tem alguns pontos turísticos como o templo Flor de Lótus (ecumênico), pilares de ferro que não enferrujam,... Mas o melhor de Delhi são os bazares. Pahar Ganji ( não sei se é assim que se escreve), Palika bazar, Janpati, Conaught Place.... Os hotéis são mais caros. Perto da estação você consegue por 10 dólares. Mas o local não é dos melhores.
          Outro lugar lindo, mas para ir de trem ou de avião é KAJURAHO. Você passeia num lindo jardim com templos com esculturas tântricas de mil anos de idade. Templos eróticos... mostra como a Índia mudou desde então. Numa época quando não havia repressão sexual na Índia. A cultura era bem diferente. Um dia no Templo do Kajuraho é suficiente.
          Se você quiser fazer Yoga, vá para RISHKESH, capital da HATHA YOGA na Índia. Uma linda aldeia na beira do rio Ganges. No mínimo uma semana. O Ganges ali é limpinho e dá para nadar (só que de roupa, nunca de biquine). Também é legal fazer rafting. Ver o puja em Hariduar,.... curtir a paz e a natureza.
          Viaje de trem; é ótimo. Sempre de segunda ou terceira classe com ar-condicionado. Você dorme no trem em camas/beliches. Mas não se esqueça de levar coisinhas leves para comer como frutas e sanduíches. Não recomendo a refeição servida no trem. Mas tem chás, café, refrigerantes, água mineral e salgadinhos vendendo em cada estação a todo momento.

A próxima pergunta é sobre Goa. Todos os anos, centenas de saniasins e visitantes deixam o resorte em Puna para passar uma temporada em Goa participar dos chamados festivais espirituais de música e meditação. Alguns retornam, outros ficam por lá. Conte sua experiência na região.

          Saindo de Puna, ir a Goa é muito fácil; tem ônibus leito com cama de verdade; você vai dormindo deitadinho, no balanço do buzão!!! São beliches de casal, é meio apertadinho, mas para ir namorando é legal, tem cortininha que te dá privacidade. É bom comprar os 2 lugares pra ir confortável. A viagem é à noite e leva 9 horas.
          Goa lembra a Bahia de 30 anos atrás. Mesma vegetação, praias limpas, e muita paz ou muitas baladas. Depende de você. O lugar preferido dos saniasins é Candolim. Uma praia grande e bem sossegada. De tanto em tanto tem barracas onde você pode comer peixe, camarão (mais barato que o peixe), e tomar cerveja, água de coco...
          Tem muitas pousadas com preços razoáveis. Fora de temporada você consegue a diária por 300 rúpias, (U$7), mas na alta temporada os preços sobem. Recomendo a pousada do Pinto. Ele é uma das poucas pessoas que fala português em Goa, que já foi colônia portuguesa.
          Para se locomover o mais barato é alugar uma moto scooter. De 100 a 1500 rúpias por dia. Traga carteira de motorista!
          Tem várias praias, cada uma com suas características. A mais longe, distante 1 hora, é Arambol. Praia selvagem, com lagoa de água doce e riacho com argila. Tem alguns restaurantes muito simpáticos com redes ou colchões no chão. Você encontra até comida Nepalesa. Arambol é o reduto dos Hippies e do pessoal alternativo. Tem quartos para alugar, mas não tem chuveiro quente.
          Anjuna é a praia do Market e das baladas. Uma feira de roupas e artesanato enorme. Depois é só ir para as pedras e ver o pôr do sol, que se põe no mar, como nos seus desenhos de criança. Também dá pra curtir uma boa musica e baladas...
          Baga Beach é a praia das barracas, do agito. Aluguei até uma prancha de "morei". Isso é algo que os indianos não fazem. Eles não têm nossa cultura de praia. Não gostam de pegar sol para não escurecer a pele. Nem as crianças fazem castelinho de areia. Mas você encontra muitos ingleses e europeus no lugar. 
          Goa é um dos poucos lugares da Índia onde se pode fazer Topless. Andar quase nua, namorar, andar de mãos dadas... É bem ocidental.
          Goa também tem vida cultural, shows, recitais de música e dança clássica indiana, exposições de arte, gastronomia,...E muitas compras. Nem sempre nos markets é mais barato! E para quem é alternativo tem várias escolas de yoga e meditação, tratamentos ayurvédicos, spas,...
          No fim do ano muita gente vai para Goa que é mais divertido, tem mais agito, Nigth Bazar, Anjuna, Raves... Lugar para paquerar, se divertir, veranear. Eu nesse ano vou passar o Reveillon por lá. Vai ser tudo de bom.
          Beijos com muito "Axé " de Goa.

                                                                         Puna, 27 de outubro de 2005

                                                                                   Swami Prasado