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Conexão
Brasil
setembro
de 2007
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Você
é realmente você mesmo?
Querido
Osho,
Quando
estou só e leio seus livros ou ouço suas fitas, eu me
sinto imensamente feliz, choro e danço sozinho. Mas eu não
consigo expressar meus sentimentos na presença dos outros,
embora eu queira muito fazer isso. Por favor, diga-me o que
fazer.
“Kishor Bharti, este é um dos problemas humanos básicos,
porque toda a nossa educação cria uma divisão na nossa própria
mente. Você tem que mostrar uma face para a sociedade, para
a multidão, para o mundo – ela não precisa ser a sua
face verdadeira; na verdade ela não deve ser a sua
face verdadeira. Você tem que mostrar a face que as pessoas
gostam, que as pessoas apreciam, que seja aceitável para
elas – para suas ideologias e suas tradições – e a sua
face original, você tem que guardá-la para si mesmo.
Essa
divisão o torna muito desconectado porque a maior parte do
tempo você está na multidão, encontrando pessoas, se
relacionando com pessoas – muito raramente você está só.
Naturalmente, as máscaras se tornam muito mais parte de você
do que a sua própria natureza.
E
a sociedade cria um medo em todo mundo: o medo da rejeição,
o medo de que alguém possa rir de você, o medo de perder a
respeitabilidade, o medo do que as pessoas dirão. Você tem
que se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e inconscientes.
Até agora, esta tem sido a nossa tradição básica em todo
o mundo: não se permite a ninguém ser ele próprio. E é
por causa disso que o problema surge – este é um problema
de todo mundo.
Você
está perguntando, ‘Quando estou só e leio seus livros
ou ouço suas fitas, eu me sinto imensamente feliz, choro e
danço sozinho. Mas eu não consigo expressar meus
sentimentos na presença dos outros, embora eu queira muito
fazer isso. Por favor, diga-me o que fazer’
No
momento em que o outro está na sua frente, você está
pouco preocupado consigo mesmo; você está mais preocupado
é com a opinião que ele terá a seu respeito. Quando você
está só no seu banheiro, você se torna quase igual a uma
criança – algumas vezes você faz caretas diante do
espelho. Mas se você de repente percebe que está sendo
observado pelo buraco da fechadura, até mesmo por uma
criancinha, imediatamente você muda: você volta novamente
ao seu velho e comum ego – sério, sóbrio, como as
pessoas esperam que você seja.
E
a coisa mais incrível é que você tem medo daquelas
pessoas e elas têm medo de você – todo mundo tem medo de
todo mundo. Não se permite a ninguém seus sentimentos, sua
realidade, sua autenticidade – mas todo mundo quer isso,
porque é um ato muito suicida continuar reprimindo a sua
face original.
Você
não está vivendo; ao contrário, você está simplesmente
representando. E porque todo mundo está observando, os seus
prolongados séculos de inconsciência o puxam para trás: não
se expresse, não saia das máscaras de sua personalidade.
Todo mundo está se escondendo atrás de alguma coisa falsa
– isso machuca.
Ser
desonesto e hipócrita consigo mesmo é a pior punição que
você pode se dar.
E
você não vai fazer algo prejudicial a quem quer que seja
– você simplesmente quer chorar e suas lágrimas serão
de alegria; você quer dançar e isto não é pecado, nem é
crime. Você simplesmente quer compartilhar a sua felicidade
– você está sendo generoso. Apesar disso, o medo é de
que as pessoas possam não aceitar a sua felicidade. Alguém
pode dizer que ela é falsa, que você está apenas
representando, podem dizer que você está
hipnotizado.
Uma
coisa estranha é que se você está miserável, ninguém
lhe diz coisa alguma, você está perfeitamente encaixado.
Mas onde todo mundo é miserável, você fica fora de
sintonia com a multidão se, de repente, começar a dançar.
Você
quer expressar a sua alegria, mas não é corajoso o
suficiente para estar só... Mas, na verdade, quem vai se
importar? No máximo, talvez as pessoas pensem que você está
um pouco maluco, e uma vez que elas aceitem que você está
um pouco maluco, então não há do que ter medo.
O
que há de errado em ser chamado de maluco? O mundo tem
conhecido tantas pessoas malucas bonitas... Na verdade,
todas as grandes pessoas no mundo têm sido um pouco malucas
– malucas aos olhos da multidão.
Elas
expressaram suas maluquices porque elas não eram miseráveis,
eles não estavam na ansiedade, não tinham medo da morte, não
se preocupavam com trivialidades. Elas estavam vivendo cada
momento com totalidade e intensidade, e por causa dessa
totalidade e intensidade, suas vidas se tornaram lindas
flores – cheias de fragrância, amor, vida e riso.
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Mas isto certamente machuca milhões de pessoas que estão
ao seu redor. Elas não podem aceitar a idéia de que você
alcançou alguma coisa que elas perderam. Elas tentarão de toda
maneira tornar você miserável, para destruir a sua dança,
para tirar a sua alegria – de modo que você possa voltar
novamente ao rebanho.
É preciso reunir coragem. E se as pessoas disserem que
você está maluco, curta a idéia. Diga a elas, ‘Vocês estão
certos; neste mundo somente as pessoas malucas podem ser felizes
e alegres. Eu escolhi a loucura com alegria, com felicidade, com
dança; vocês têm escolhido a sanidade com miséria, angústia
e inferno – nossas escolhas são diferentes. Seja são e
permaneça miserável; mas deixe-me só na minha loucura. Não
se sintam ofendidos; eu não estou me sentindo ofendido por vocês
– tantas pessoas sãs no mundo e eu não estou me sentindo
ofendido.’
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Isto é apenas uma questão de pouco tempo. Uma vez que
eles o aceitem como sendo maluco, logo deixarão de se procupar
com você; então você poderá entrar na luz completa com seu
ser original – você pode abandonar todas as suas
falsidades.
Eu era um estudante
da universidade... Eu não escolhi a universidade por ela em si,
mas por causa de um professor que era muito vivo, muito cheio de
amor e sem medo do mundo. Eu escolhi o professor e ele estava
naquela universidade. Ele convidou-me a entrar na universidade
em que ele lecionava... E ele disse que facilitaria tudo que
fosse possível para mim.
Ele me amava
imensamente porque todos os anos eu costumava ir àquela
universidade para uma competição de debates entre
universidades; por quatro anos consecutivos eu fui o vencedor.
No primeiro ano ele era um dos juízes. Ele chamou-me de lado e
disse, ‘Eu não posso dizer isto para as outras pessoas, mas
eu também não consigo guardar só para mim. Eu só posso dizer
isto para você: eu lhe dei a pontuação de noventa e nove por
cento no debate, e eu sinto muito porque eu queria ter-lhe dado
cem por cento. Mas, eu não tive coragem, porque as pessoas
poderiam pensar que eu estava comprometido, que eu estava
favorecendo. Eu fiquei com medo. Mas, perdoe-me por ter tirado
um por cento da pontuação que era sua.’
Todo ano ele era um
dos juízes e no quarto ano, quando eu me graduei, ele me
convidou para entrar na universidade para minha pós-graduação.
Eu lhe disse. ‘ Eu estou vindo aqui apenas por sua causa.’
No primeiro dia ele
levou-me ao vice-reitor e no caminho me disse, ‘Não entre em
qualquer discussão – porque este homem, o velho vice-reitor,
é muito teimoso e é preciso ser muito diplomático com ele.’
Eu disse, ‘Você
pode ser diplomático com ele, eu simplesmente vou ser eu
mesmo.’
Ele disse, ‘O que
você quer dizer?’
Eu disse, ‘Ser
diplomático significa ser uma outra pessoa, diplomacia é um
outro nome para hipocrisia. Seja você diplomático – eu
simplesmente serei eu mesmo. E o pior que pode acontecer será,
no máximo, ele não me garantir o dinheiro para os dois anos de
estudo, e também pode não me garantir outras facilidades - mas
só por tais facilidades, eu não posso ser desonesto comigo
mesmo.’
Ele disse, ‘Pelo
menos você pode permanecer em silêncio? Não dizer coisa
alguma? Eu conversarei com ele no seu lugar.’
Eu disse, ‘Eu não
posso prometer, pois se ele disser alguma coisa estúpida, eu não
vou resistir à tentação de lhe dizer que ele é estúpido.’
Ele disse, ‘Eu
nunca tinha notado que você é uma pessoa tão difícil.’
Eu disse, ‘É bom
saber desde o início. Este é o primeiro dia; ainda há tempo:
você pode simplesmente me dizer e eu vou embora.’
‘Não,’ ele
disse, ‘vamos tentar.’ Ele levou-me ao vice-reitor.
Eu sempre vivi do
meu próprio jeito, e o vice-reitor tinha sido professor em
Oxford, viveu quase toda a sua vida na Inglaterra e quase se
tornou um verdadeiro inglês. Ele disse algo a respeito da minha
barba, que eu estava deixando crescer. ‘Por que você não faz
a sua barba?’ Meu professor ficou com medo de que este fosse o
começo do fim.
Eu disse, ‘Você
está formulando uma pergunta errada; na verdade eu deveria lhe
perguntar porque você faz a sua barba – porque eu não estou
fazendo a minha crescer; ela cresce por si mesma. A sua pergunta
é sem sentido – Você poderia me perguntar porque eu não
cortei os meus dedos, ou perguntar alguma outra coisa. É
natural que um homem deva ter a sua barba, você está sendo
antinatural. Você tem que me responder – por que você faz a
sua barba?’
Meu pobre professor,
que estava sentado ao meu lado, começou a me cutucar com o
cotovelo. Eu tive que lhe dizer, ‘Pare de me cutucar. Não me
interessam todas as facilidades para as quais você me trouxe
aqui diante do vice-reitor neste momento. Minha única preocupação
é que ele deve aceitar que formulou uma pergunta errada.’
Por um momento,
fez-se um grande silêncio e o velho homem disse, ‘Na verdade,
você está logicamente correto. E neste momento eu não tenho
resposta alguma, porque ninguém jamais questionou isso em minha
vida. – eu nunca pensei a respeito.’
Eu lhe disse,
‘Esta é a sua barba e você a tem cortado e se barbeado
talvez por cinqüenta anos, sem mesmo pensar sobre o que estava
fazendo.’ Então eu disse, ‘OK, você pode ter o seu tempo.
Eu virei aqui todos os dias, às onze horas, quando a secretaria
abre; você poderá me encontrar em frente à secretaria. Você
tem que encontrar uma resposta.’
Mas meu professor
disse, ‘Nós não viemos aqui para discutir sobre barba! A
questão aqui é o seu estudo complementar, a sua pós-graduação
e ele é o homem que pode decidir’.
Eu disse, ‘Eu não
estou preocupado com isso. Neste presente momento, a minha única
preocupação é fazê-lo perceber que ele viveu uma vida
inconsciente.’
O velho homem disse,
‘Da barba você chegou a ‘uma vida inconsciente’? Ele
perguntou ao meu professor, ‘Quais são as exigências? Eu vou
lhe garantir uma escolaridade por dois anos.’ Hospedagem
gratuita, alimentação gratuita, ele assinou tudo e disse, ‘Só
não fique parado diante da minha porta todos os dias! Se você
precisar de alguma coisa simplesmente venha e me diga, eu
prometo que não vou lhe perguntar nada – foi uma falha
minha.’
Então eu disse,
‘Está decidido? Uma vez que você me formulou uma pergunta,
aquilo se tornou a minha prioridade para aquele momento,
qualquer coisa que eu tiver que sacrificar, eu sacrificarei.’ |
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Ele disse, ‘Eu prometo e o seu professor é
testemunha.’ Mas era difícil para ele – e seria difícil
para qualquer um, porque eu costumava usar um robe sem botão
algum, de modo que meu peito ficava exposto... E na vez
seguinte, eu fui até ele porque eu queria permissão para levar
tantos livros quanto eu quisesse da biblioteca para a minha
sala, e a regra que era apenas um livro de cada vez não deveria
ser aplicada a mim.
Ele disse, ‘Nós
podemos conversar a respeito disso, mas onde estão os seus botões?’
Eu
disse, ‘Você está procurando problemas; você se esqueceu de
sua promessa. Na verdade, eu deveria
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perguntar
novamente, por que num país quente como a Índia - e nós
estamos no verão - você está transpirando e ainda está
usando essa gola fechada e esse sobretudo? Eu não uso botões
porque quero que meu peito receba a brisa fresca. Isto é algo
errado?’
Ele disse, ‘Isto não
é errado.’
Eu disse,
‘Algo imoral? Algo contra as regras da universidade?Por que
você deveria se preocupar com isso? O peito é meu e eu quero
que ele receba brisa, o tanto que for possível.
Ele disse,
‘Eu esqueci minha promessa. Você tem a permissão para levar
quantos livros queira. Eu nem mesmo vou perguntar porque você
quer tantos livros, pois eu não quero entrar em nenhuma discussão.
Uma coisa está decidida: é melhor não discutir com você.’
A primeira
reunião em que eu compareci, na qual ele iria falar, era no
aniversário de Goutama Buda. Ele era um grande orador e também
um bom ator. Quando ele estava falando sobre Goutama Buda, as lágrimas
rolaram de seus olhos e ele disse, ‘Eu sempre senti que se eu
vivesse no tempo de Goutama Buda, eu teria ido sentar-me aos
seus pés para aprender a arte de alcançar mais consciência,
de se tornar iluminado.’
Eu estava
sentado no meio e me levantei. Quando me viu de pé, ele disse,
‘Eu disse algo errado?’
Eu disse,
‘Você não apenas disse algo errado, você está se
comportando muito falsamente. Pelo menos diante de seus alunos
você não deveria faltar com a sinceridade. O que você disse não
tem significado para você, as suas lágrimas são falsas.’
Todos os
professores da universidade estavam presentes assim como toda a
comunidade de alunos. Todos ficaram chocados por eu ter dito ao
vice-reitor, ‘Você faltou com a sinceridade.’
Eu disse,
‘Você já ouviu o nome Ramana Maharshi?’
Ele disse,
‘Sim, eu já ouvi.’
‘Você foi
alguma vez sentar-se aos seus pés? – porque ele é do mesmo
calibre e da mesma consciência que Goutama Buda. E eu posso
dizer com autoridade que mesmo no tempo de Goutama Buda você não
iria até ele. Este século também tem pessoas iluminadas. Você
tem que retirar suas palavras.’
As pessoas
costumavam achar que ele era uma pessoa muito teimosa... Mas
talvez ele nunca tenha encontrado alguém tão autenticamente
sincero que pudesse trazer ao público a sua face original. Ele
chorou, suas lágrimas rolaram, e disse, ‘Talvez você esteja
certo – eu não teria ido. Isto foi apenas uma retórica e
nada mais; foram palavras sem significado. Em toda esta reunião
talvez você seja a única pessoa que está ouvindo – não
apenas as palavras, mas também o significado por trás
delas.
‘Eu
gostaria que você jantasse comigo hoje à noite, porque eu
gostaria de discutir um pouco mais. Eu nunca encontrei alguém
em toda a minha vida que trouxesse a minha face original diante
da multidão. E algo é muito estranho – eu não fiquei bravo
com você, eu simplesmente sinto uma tristeza profunda por mim
mesmo. Por que eu não consigo ser verdadeiro? Jamais alguém
mostrou isso a mim.’
Todas as
pessoas no mundo querem ser verdadeiras, pois só por serem
verdadeiras, isso já lhes traz muita alegria e uma abundância
de felicidade. Por que alguém deveria ser falso? Você precisa
ter coragem para chegar a um insight um pouco mais profundo: Por
que você tem medo? O que o mundo pode fazer com você? As
pessoas podem rir de você; isso fará bem para elas – rir é
sempre medicinal, é saudável. As pessoas podem pensar que você
é louco... Você não vai ficar louco só porque elas pensam
que você está louco.
E se você é
autêntico quanto à sua alegria, suas lágrimas, sua dança –
mais cedo ou mais tarde aparecerão pessoas que compreenderão
você, que poderão começar a se juntar à sua caravana. Eu
mesmo comecei sozinho no caminho, e depois as pessoas foram
chegando e isso se tornou uma caravana do tamanho do mundo. E eu
não convidei ninguém; eu apenas fazia aquilo que sentia que
estava vindo de meu coração.
A minha
responsabilidade é com o meu coração, não com as outras
pessoas no mundo. Assim, a sua responsabilidade é apenas com o
seu próprio ser. Não vá contra ele, porque ir contra ele é
cometer suicídio, é destruir a si próprio. E qual é o ganho?
Mesmo se as pessoas lhe derem respeito e acharem que você é sóbrio,
respeitável, honorável, essas coisas não irão nutrir o seu
ser. Elas não irão lhe dar qualquer insight a mais sobre a
vida e sua imensa beleza.
E, além
disso, todo mundo está tão preocupado com seus próprios
problemas, quem irá se procupar se você está rindo e dançando?
Quem tem tempo para isto? É apenas a sua mente que está
pensando que todo o mundo está pensando a seu respeito. A minha
própria experiência é: todo mundo está muito cheio, muito
preocupado com a correria de pensamentos sobre si mesmo, sua
vida, seus problemas. Você acha que alguém tem tempo até
mesmo para olhar para você ou pensar a seu respeito?
Um médico judeu
para outro colega: ‘Ao longo de todo o dia, eu escuto histórias
de dor e sofrimento: ‘Doutor, minhas costas... Doutor, meu estômago...Doutor,
minha esposa.’ Eu lhe digo que isso é terrível. Diga-me,
Sam, como você consegue aparentar serenidade depois de um dia
escutando os problemas do mundo?’
O segundo médico:
‘Quem escuta?’
Você não deve se
preocupar, de jeito algum. Todos estão preocupados com seu próprio
mundo, eles não têm tempo nem energia para se preocupar com
você. E mesmo se eles tiverem alguma opinião, isso é problema
deles. Você está sozinho no mundo: sozinho você veio ao
mundo, sozinho está aqui e sozinho deixará este mundo. Todas
as opiniões deles ficarão para trás; somente os seus
sentimentos originais, as suas experiências autênticas irão
com você, mesmo depois da morte.
Nem mesmo a
morte poderá lhe tirar a dança, as suas lágrimas de alegria,
a sua pureza na solitude, o seu silêncio, a sua serenidade, o
seu êxtase. Aquilo que a morte não pode tirar de você é o único
tesouro verdadeiro; e aquilo que pode ser tirado pelas outras
pessoas não é um tesouro, é apenas tolice.
Quantos milhões
de pessoas viveram antes de você neste planeta? Você nem mesmo
sabe o nome delas; se elas viveram ou não, não faz qualquer
diferença. Existiram santos e pecadores, existiram pessoas
muito respeitáveis e todo tipo de excêntricos e malucos, mas
todos eles desapareceram – nem mesmo um rastro permaneceu
sobre a terra.
A sua única
preocupação deve ser em cuidar e proteger aquelas qualidades
que você pode levar consigo quando a morte destruir o seu corpo
e a sua mente, porque essas qualidades serão as suas únicas
companhias. Elas são os únicos valores verdadeiros e as
pessoas que as alcança – somente elas - vivem; as outras
fingem que vivem.
Numa noite escura, a
KGB bateu na porta do Yussel Finkelstein. Yussel abriu a porta.
O homem da KGB bradou, ‘O Yussel Finkelstein vive aqui?’
‘Não,’
respondeu Yussel, de pé com seu pijama esfarrapado.
‘Não? Então
qual é o seu nome?’
‘Yussel
Finkelstein.’ O homem da KGB jogou-o ao chão e disse, ‘Você
não disse que não vivia aqui?’
Yussel
responde, ‘E você chama isso vida?’
Só viver nem sempre
é viver. Olhe para a sua vida. Você pode dizer que ela é uma
benção? Você pode dizer que ela é um presente da existência?
Você gostaria que essa vida lhe fosse dada repetidas vezes? Ela
está tão vazia. Por causa de seu vazio, as suas preces são
vazias. Você não consegue preencher suas preces com gratidão.
Gratidão, por que? Você nada mais está fazendo senão
representando papéis em uma novela, você não está sendo você
mesmo.
Eu me
lembro... Uma mulher jovem e muito bonita foi ver o grande
pintor Picasso. E lá ela viu uma fotografia de Picasso
pendurada na parede. Ela lhe perguntou, ‘É sua a fotografia?
Aquele é você?’
Picasso
disse, ‘Não.’
A mulher
disse, ‘Estranho. Parece exatamente como você. Você tem um
irmão gêmeo? Ele é totalmente igual.’
Picasso
disse, ‘Ele pode ser como eu, mas ele não está vivo. E se
ele fosse eu, já teria saltado da moldura para lhe dar um
beijo. Certamente não sou eu.’
Você é realmente
você mesmo? Ou está apenas fingindo ser alguém que a multidão
ao seu redor queria que você fosse?
Para mim, um
buscador da verdade deveria começar por abandonar tudo o que é
falso nele, porque o falso não pode buscar a verdade. O falso
é a barreira entre você e a verdade. Se tudo o que é falso
for abandonado, você não precisa buscar pela verdade – a
verdade virá até você. Na verdade, quando eu digo, ‘A
verdade virá até você’, isto são apenas palavras. Quando
tudo o que é falso é abandonado, você é a verdade.
Nada vem e
nada vai.
Não existe
jornada.
OSHO - The Hidden Splendor - Cap. 15
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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