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Uma ferramenta para testar a verdade

Querido Osho,
Estudando textos como o Vedanta e o Ashtavakra Gita, eu aprendi que tudo o que vale ser alcançado já está alcançado. Fazer esforço nesse sentido é perder o caminho. Eu aprofundei esta convicção. Então, por que a auto-realização não aconteceu comigo? Por favor mostre-me o caminho.
 

          “Nunca pense que o que você compreende a partir das escrituras é a sua própria compreensão. Nunca pense que o que compreende a partir das palavras torna-se a sua própria experiência.
          Ouvindo Ashtavakra, muitas pessoas sentirão, ‘Tudo já está alcançado’. Mas não é alcançado dessa maneira. Qual a conexão entre ouvir Ashtavakra e você alcançar? ‘O que era para acontecer já aconteceu’: mas isto tem que ser a sua própria experiência. O reconhecimento de sua realização, deve ser um reconhecimento seu, ele não pode ser uma conclusão intelectual. 
          O intelecto rapidamente aceita isto. O que pode ser mais fácil do que ‘O que era para acontecer já aconteceu'? ' Bem, agora nossos problemas acabaram-se. Já não há mais necessidade de busca, de meditação, de culto ou prece. O que era para acontecer, já aconteceu’.
          O intelecto está pronto para aceitar, mas não porque ele captou a verdade. Ele aceita porque então poderá deixar de lado as dificuldades do caminho, poderá abandonar os esforços de sadhana, assim como a necessidade de continuar meditando. Mas logo você olhará para os lados e perceberá que você não alcançou. Se isto pudesse acontecer meramente através do intelecto, poderiam existir universidades espirituais. Mas nenhuma universidade de estudo espiritual existe. Isto não é alcançado com escrituras; é alcançado pela sua própria sabedoria espontânea e inspirada.
          Ouça Ashtavakra, mas não tenha pressa em acreditar. A sua ganância faz você ter pressa. Ela lhe diz, ‘Isto está em suas mãos. Nós já temos o tesouro, assim acabou-se toda preocupação com alcançar. Agora não há mais aonde ir nem há mais o que fazer.’
          Você sempre quis alcançar sem esforço. Mas lembre-se que o desejo de alcançar ainda está escondido por trás de tudo isto: alcançar sem fazer! Antes você pensava em se esforçar para alcançar; agora você pensa em alcançar sem esforço. Mas o desejo de alcançar continua aí. É por isto que surge a pergunta, ‘Por que a auto-realização ainda não aconteceu?’
          Quem já compreendeu, dirá, ‘Mande essa questão de auto-realização para o inferno! O que eu vou fazer com ela?’ Se você tivesse compreendido Ashtavakra, nenhuma outra pergunta poderia surgir. A afirmação de que ‘A auto-realização ainda não aconteceu’ indica que enquanto está aceitando o que Ashtavakra diz, você está observando com o canto dos olhos: já foi alcançado ou não? Seus olhos estão focados no alcançar.
          As pessoas vêm a mim e eu lhes digo, ‘A meditação não consegue se aprofundar enquanto você continuar desejando. Enquanto você tem expectativa de alcançar algo, seja a felicidade, Deus ou a alma, a meditação não irá se aprofundar, porque pensar em alcançar é ganância, é ambição, é política. Ainda não é religião.’ Eles dizem, ‘Tudo bem, nós vamos meditar sem qualquer expectativa, mas nós alcançaremos, certo?’
          Não há diferença alguma. Eles estão prontos para parar de desejar só porque ‘Você disse que esta é a maneira para se alcançar, assim nós não vamos pensar nisto; mas, ainda assim, nós vamos alcançar, certo?’
          Você não é capaz de livrar-se da ganância. Ouvindo Ashtavakra, muitas pessoas irão aceitar rapidamente que o que era para acontecer já aconteceu. Se pudesse acontecer tão rapidamente... E não é que existam muitas barreiras para que aconteça. A única barreira é a tolice de seu desejo. O acontecimento está tão próximo!
          Ashtavakra está certo, o que era para acontecer já aconteceu. Mas somente quando todos os desejos por alcançar desaparecerem, então esse ‘O que era para acontecer já aconteceu’ será compreendido. Então você saberá com toda a sua totalidade que já alcançou. Mas por ora, isto é apenas um jogo intelectual. ‘Se um grande mestre como Ashtavakra disse isto, então deve estar certo.’ Você está apressado em acreditar. A sua crença é impotente. Sem duvidar, você aceitou rapidamente. Neste país, desapareceu o hábito de duvidar de qualquer coisa registrada nas escrituras. Se algo está nas escrituras, deve estar certo.  (...)

          Quando alguma coisa é publicada, e se for em escrituras... É muito errado acreditar em palavras escritas. Quando você conta algo a uma pessoa ela lhe pergunta onde aquilo foi publicado. Se você disser onde, ela acreditará no que você disse. É como se o escrever tivesse algum poder. Diga o quanto aquilo é antigo e as pessoas aceitarão. Como se a verdade fosse relacionada com o tempo. Quem disse isso? Ashtavakra? Buda? Mahavira? Então deve estar certo.
          De sua parte, você não fez qualquer esforço para se despertar, nem um pouquinho. Alguém disse e você aceitou. E é muito conveniente: você alcança sem fazer coisa alguma!
          Os seguidores de Krishnamurti têm ouvido por quarenta anos. E são exatamente as mesmas pessoas. Eles nada têm alcançado. De vez em quando um deles vem a mim e diz, ‘Eu sei que tudo já está alcançado, mas por que ainda não aconteceu? Eu ouço Krishnamurti e por isso eu já entendi que tudo o que é para se alcançar já foi alcançado.’


Droping Knowledge-Osho Neo Tarot

          Estas pessoas são gananciosas. Elas esperam obter tudo de graça, em vez de ter que fazer algum esforço. Elas não ouviram Krishnamurti nem entenderam Ashtavakra. Elas ouviram sua própria ganância. Elas ouviram através de sua ganância e interpretaram da maneira delas.
          Um amigo perguntou, ‘Fazer meditações agora parece ser irrelevante. Cinco meditações por dia, enquanto acontece esta sua série de palestras sobre Ashtavakra... Isso parece estúpido.’
          É tão fácil deixar a meditação de lado, e tão difícil fazê-la. O que Ashtavakra alcançou não foi alcançado através do fazer. Mas também, através do não fazer coisa alguma, ele não alcançou.
          Tente entender isto. É uma questão sutil.  

         
Eu contei para vocês que Buda alcançou quando ele deixou de lado todo o seu fazer. Mas primeiro ele fez tudo. Por seis anos de esforços incansáveis, ele deu tudo de si. Dando tudo, ele experienciou que nada poderia ser alcançado através do fazer. Não foi através da leitura de Ashtavakra, embora o Ashtavakra Gita já estivesse disponível no tempo de Buda. Ele poderia tê-lo estudado, não haveria necessidade daqueles seis anos de esforços. Ele perseverou por seis anos e no meio daquele esforço ele descobriu que não se alcança através do esforço. Ele não deixou uma pedra sequer sem ser revirada, provando a si mesmo que não conseguiria alcançar pelo esforço. Nenhum desejo restou dentro dele. Ele fez tudo e viu que não alcançou. O seu esforçou tornou-se muito cristalizado e nesta cristalização, o fazer foi abandonado. Então aconteceu.
          Eu lhes digo que o estado de não fazer chegará quando vocês tiverem feito tudo. Não tenham pressa, caso contrário irão perder o que já fizeram com um pouco de meditação, com um pouco de prece. Ashtavakra vai permanecer lá longe e o pouco de progresso que vocês estiveram fazendo em suas jornadas também irá parar. 
          Antes de parar, é preciso correr totalmente. Embora não se alcance através do correr, este conhecimento será cristalizado por ele. Um dia o esforço será abandonado, mas não a partir de um mero entendimento intelectual. Quando todas as células, todos os átomos compreenderem que ele é inútil, neste exato momento, acontecerá. 
          Ashtavakra está certo ao dizer que praticar é uma prisão. 
          Mas somente aquele que pratica, descobre isto.
          Eu estou lhes dizendo isto porque eu pratiquei e descobri que isto é uma prisão. Eu estou lhes dizendo isto porque eu pratiquei sadhana e descobri que sadhana alguma leva alguém ao sadhya, à meta final. Eu meditei e descobri que meditação alguma leva alguém ao samadhi.
          Quando isto se torna a sua experiência profunda, quando a experiência chega a um ponto de total intensidade, quando você tiver dado tudo... Não ficou segurando coisa alguma atrás, você atirou-se totalmente no fogo, o esforço tornou-se total, o fogo interno foi total, o sadhana foi total, agora a existência não pode lhe dizer que você ficou segurando alguma coisa, tudo foi dado; naquele dia, naquela cristalização, naquele estado de consciência acesa... de repente tudo se queima e fica em cinzas. Todo sadhana, todas as práticas, todas as meditações, todas as renúncias; de repente você acorda e descobre, ‘Oh! O que eu estava procurando já estava aqui!’
          Mas seria muito fácil se isto acontecesse só pela leitura do Ashtavakra. É difícil ler o Ashtavakra? O sutra é tão claro e simples. Lembre-se que a coisa mais difícil do mundo é entender coisas simples. E a dificuldade vem de dentro de você. Você espera não ter que fazer coisa alguma. É muito difícil para as pessoas aceitarem a necessidade de meditar. 
          Este é o teste decisivo: o Ashtavakra Gita. Aqueles que ouvem Ashtavakra e continuam meditando, compreenderam. Aqueles que ouvem Ashtavakra e param de meditar, não o entenderam, e aí eles perdem sua meditação também. 
          Pratique e descobrirá que praticar é um beco sem saída. Esta é a fase final da prática. Não tenha muita pressa.
          Estudando textos como o Vedanta e o Ashtavakra Gita, eu aprendi...’ Existe alguém que conhece através do estudo? Alguém conhece através da memorização de textos? Alguém conhece através do aprendizado de escrituras, do aprendizado de palavras? Isto não é conhecer. Isto é informação; é saber a respeito. Você pode dizer que esta informação é saber: ‘o que vale ser alcançado já está alcançado.’ Mas quando você perceber isto, tudo estará terminado.
          Você ficou informado, ficou excitado, e isto tomou vulto em forma de ganância! A sua ganância diz, ‘Olhe, eu estive fazendo esforços sem sentido. Ashtavakra diz, sem fazer nada , então eu me sentarei sem fazer nada.’ Daí, você senta, sem fazer coisa alguma. Depois de pouco tempo você observa, ‘O acontecimento não aconteceu ainda. Por que esta demora? E Ashtavakra está dizendo que é exatamente agora!’ Você está sentado olhando para o relógio, ‘Cinco segundos já se passaram, cinco minutos se passaram, já faz quase uma hora; e Ashtavakra disse: Imediatamente! Exatamente agora! Não é preciso nem mesmo um segundo!’ Você começa a pensar que ele estava mentindo, a sua confiança é quebrada. 
          Isto não é saber. Isto é informação. Lembre-se sempre da diferença entre informação e saber. Informação significa que ela é tomada por empréstimo. Alguma outra pessoa tem o saber e ouvindo-a você se torna informado. Isto é uma informação. O saber é uma experiência. Nenhuma outra pessoa pode saber para você; o saber não pode ser tomado por empréstimo. 
          Eu fiquei sabendo de algo mas o seu saber não acontece a partir disto.O meu saber será meu e o seu saber será seu. Sim, se você colecionar minhas palavras elas serão informação. Através da informação alguém pode se tornar um erudito, mas não um sábio. Conhecimento a respeito de sabedoria pode ser colecionado, mas não a libertação da sabedoria. Todo um sistema de palavras pode ser criado, mas não a beleza da verdade. As palavras o aprisionam mais, elas o escravizam.Por isso você encontra eruditos muito contraídos. Onde está o céu aberto? Saber que o que vale ser alcançado já está alcançado - se você tivesse conhecido isto, o que restaria para ser perguntado?
          Fazer esforço nesse sentido é perder o caminho’. Se você sabe isto, então o que existe para se perguntar? ‘Eu aprofundei esta convicção’. Ou existe convicção ou não existe, não existe maneira de aprofundá-la. Como você pode aprofundá-la? Se existe fé, ela existe; se não existe, ela não existe. Como você pode aprofundá-la? Que método é este para tornar a fé mais profunda? Irá você suprimir as suas dúvidas? Irá sentar-se sobre elas? O que você fará? Irá falsear as suas dúvidas? Quando sua mente surgir com perguntas, você irá ignorá-las? 
          Por dentro, o verme da dúvida estará roendo. Ele lhe dirá, ‘Agora escute, algo é alcançado sem que você faça alguma coisa? Algo já lhe aconteceu só por ficar sentado? Coisas acontecem através do fazer. Acontece algo através do sentar inativo? Você consegue algo de graça? Em que tolice você está entrando? De que ilusão você está sofrendo? Levante-se, movimente-se, corra, do contrário a vida irá se acabar; ela já está se acabando. Não desperdice seu tempo sentado aqui feito um idiota.’
          Essas dúvidas certamente irão surgir. O que você fará com elas? Você irá tentar suprimi-las? Você irá falseá-las? Você irá dizer que não quer ouvir falar a respeito? Você irá atirà-las em seu inconsciente? Irá escondê-las em seu porão? Irá evitar olhá-las de frente? 
          O que você fará para aprofundar a sua fé? Você irá fazer algo como reprimir de alguma maneira. Esta fé será falsa; a descrença estará queimando em chamas por baixo dela. Esta fé é superficial. Por cima uma cobertura gasta e por baixo o carvão da descrença e da dúvida. Logo elas irão queimar a sua fé. Esta fé não tem utilidade, você não consegue aprofundá-la. Fé é, ou fé não é. 
          É como alguém desenhando um círculo. Se ele desenhar metade de um círculo você dirá que é um círculo? Pode meio círculo ser chamado de círculo? Ele é um arco, não é um círculo. Ele 


Trust - Osho Neo Tarot

só pode ser chamado de círculo se estiver completo. Um círculo incompleto não é um círculo. Uma confiança incompleta não é confiança, porque uma confiança incompleta significa que a desconfiança também está presente. O que acontece no arco vazio? Haverá dúvida. Dúvida e confiança não conseguem se movimentar juntas. Seria como um pé indo para o leste e o outro indo para o oeste. Você não irá a lugar algum. Seria como estar em dois barcos, um indo para uma margem e o outro para a outra margem. Para onde você vai? 
          As jornadas de dúvida e confiança estão totalmente separadas. Você está em dois barcos. O que significa confiança incompleta? Meia fé significa que meia descrença está também presente? A confiança existe em sua completude, ou ela não existe. (...)
          Ou se tem fé ou não, não existem duas possibilidades. Quando a fé existe, ela cerca toda a sua vida, ela se espalha por todas as suas células. A fé é expansiva. Mas essa fé não vem das escrituras, ela não pode vir. Esta fé vem da experiência de vida. Ela vem quando você lê a escritura da vida, não quando lê Ashtavakra. 

          Entenda Ashtavakra, mas não pense que esse entendimento é sabedoria. Entenda Ashtavakra e guarde isto dentro de você, em algum canto. Você recebeu uma ferramenta para testar a verdade. Você não recebeu sabedoria, mas uma ferramenta para testar verdade. Quando você alcançar a sabedoria, você poderá facilmente testá-la com essa ferramenta que recebeu do Ashtavakra.
          A ferramenta para testar não é ouro. Quando você vai a um ourives, você vê que ele tem uma pedra preta de teste. Esta pedra preta não é ouro. Quando o ourives recebe ouro, ele esfrega-o na pedra preta para descobrir se é ouro ou não.
          Quando você tem uma compreensão das palavras de Ashtavakra, preserve-a como uma ferramenta para testar a verdade. Deixe que ela esteja profundamente dentro de você, e quando a sua experiência de vida chegar, então você poderá testá-la. Então essa ferramenta do Ashtavakra para testar a verdade será muito útil. Você será capaz de saber o que aconteceu. Você terá a linguagem para compreender o que aconteceu. Você terá um método para compreender. Ashtavakra será a sua testemunha. 
          É desta maneira que eu entendo as escrituras. As escrituras são testemunhas. O caminho da verdade é desconhecido. Você precisa de testemunha nesse caminho desconhecido. Quando você, pela primeira vez, estiver face a face diante da verdade, ela será tão imensa que você irá tremer, você será incapaz de absorvê-la. Suas próprias raízes serão chacoalhadas e haverá muito medo de que você enlouqueça. 
          Imagine o que aconteceria com um homem que esteve procurando por um tesouro por toda a sua vida e de repente ele descobre que o tesouro está enterrado sob seus pés. Ele não ficaria louco?  (...)
          Eu estou falando sobre as escrituras, não porque ouvindo as escrituras você irá tornar-se sábio. Eu estou falando sobre elas para que, na medida em que você vá se movendo no caminho da meditação, quando o acontecimento realizar-se – ele irá acontecer, senão hoje, então amanhã – não é necessário que o ouro esteja na sua frente e você não consiga reconhecê-lo.
          Eu estou lhes dando uma ferramenta para testar a verdade. Teste as suas experiências com esta ferramenta.
          Ashtavakra é a mais pura ferramenta para testar verdade. Você não precisa acreditar no Ashtavakra, você simplesmente tem que usá-lo como uma ferramenta para as suas próprias experiências. Faça de Ashtavakra uma testemunha. (...)
          Lembre-se que muitos buscadores da verdade enlouqueceram. Muitos deles enlouqueceram exatamente quando chegaram próximos do estágio de se tornarem iluminados. Eles se desestruturaram. Isto ocorre porque o acontecimento é muito vasto, inconcebível e inacreditável. É como se todo o céu tivesse se espatifado sobre você. 
          O seu pote de água é pequeno e o infinito está se derramando sobre ele. Ele vai quebrar e você não será capaz de impedir. Você estará face a face com o sol e seus olhos ficarão ofuscados e tudo ficará escuro. O sol está diante de você e tudo é escuridão, seus olhos estão fechados. Em tal momento, você poderá usar as afirmações de Ashtavakra para compreender o sol. Em tal momento, a voz de Ashtavakra que estava repousando em seu inconsciente, irá falar imediatamente. Os sutras dos Upanishads começarão a ressoar, O Gita ecoará, como também o Corão. Seus versos virão à sua frente! Sua fragrância irá lhe assegurar que você chegou em casa, não precisa pirar com nada, esta vastidão é você. 
          Ashtavakra diz que você é expansividade, você é vasto. Você é onipresente. Você é sem ação, incorrupto. Você é a realidade última. 
          Em tal momento, essas afirmações terão algum significado para você. Meramente ter fé nelas e segurá-las, não o levará a lugar algum. E a sua ganância está empurrando-o e dizendo que a auto-realização não aconteceu. (...)
          Escute Ashtavakra novamente. Ele diz que ela já foi alcançada. Mas como você pode ouvir isto, como pode entender? O seu desejo continua vibrando.
          A não ser que você tenha corrido atrás de seus desejos, a não ser que você tenha visto a inutilidade de correr atrás deles, tropeçar, cair e se machucar, você não será capaz de compreender. Somente através da experiência de desejar, o desejo se torna inútil. Esgote-o e ele cairá quebrado; e neste momento de ausência de desejos você compreenderá que aquilo que você tem procurado já aconteceu.
          Do contrário, você ficará repetindo como um papagaio. Não fará a menor diferença se você for um papagaio hindu, ou um papagaio islâmico, ou um jaina, ou um cristão ou um budista; um papagaio é um papagaio. Um papagaio pode recitar a Bíblia ou o Corão. Um papagaio é um papagaio, ele continuará repetindo. (...)
          A informação pode fazer de você um papagaio, pode lhe dar uma grande boca. Ela pode dar-lhe a ilusão de ser religioso, pode enganar-lhe. Mas não pense que isto é sabedoria. E baseada na informação, a convicção que você proclama está assentada sobre dúvidas. Esta convicção não pode levá-lo até a porta da verdade. Não deposite muita fé nesta convicção. Ela é inútil.
          A fé deve vir de sua própria experiência. A fé deve surgir da pura ausência de desejos, de sua própria meditação.  

                   OSHO – Enlightenment: The Only Revolution – Capítulo 6 – pergunta n° 1
                   
Tradução: Sw. Bodhi Champak

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